No último século, a humanidade vivenciou o surgimento de várias doenças graves e infecciosas. Gripe espanhola, aviária, de Hong Kong; até as mais recentes, como HIV, H1N1 e COVID-19, com intervalos cada vez menores entre si. Em contrapartida, nesses 100 anos mais recentes, o nosso planeta tem sofrido sérios impactos. Seria isso coincidência? Neste post, você entenderá a relação entre as pandemias e o meio ambiente.
Pandemia atual já era prevista pela ciência
O risco de uma pandemia como a de COVID-19 já não era novidade para a ciência. Diversos especialistas já alertavam há anos para a possibilidade da explosão de doenças como esta. Em 2018, especialistas da OMS emitiram uma lista de patógenos que deveriam ter prioridade em observação e pesquisa;
Em 2016, um estudo do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) já mostrava que 60% das doenças infecciosas emergentes nos humanos são zoonóticas (ou seja, advindas de outros animais), e estariam intimamente ligadas à saúde dos ecossistemas.
Impactos do meio ambiente que favorecem o surgimento de pandemias
Mesmo sendo a maioria das zoonoses causadas pelos impactos da atividade humana, a população não têm noção de como isso acontece. Por isso, vamos te explicar cada um dos fatores que compõem o problema.
Mudanças climáticas: temperatura e umidade do meio ambiente
É fato que o clima influencia diretamente no desenvolvimento das formas de vida. Até nós humanos evoluímos algumas características de acordo com a região em que nossos ancestrais habitavam. A quantidade de melanina na pele, a textura dos cabelos, quantidade de pêlos e muitas outras coisas. E isso não seria diferente para outras formas de vida, principalmente as menos complexas.
É o que acontece com os vírus e bactérias: sofrem influência direta do clima no qual vivem. E a mudança desse parâmetro afeta algumas espécies em detrimento de outras. Portanto, mudanças climáticas – principalmente o aumento da temperatura global – favorecem muito a diversidade e o aumento das populações desses microorganismos.
Derretimento do Permafrost
O permafrost é uma camada do solo permanentemente congelada – ou pelo menos deveria ser. É composta por terra, sedimentos e rochas; abriga matéria orgânica, carbono, metano, mercúrio tóxico e vírus e bactérias de espécies entre 2,5 mi e 11,7 m anos atrás.
Além do risco de liberar microorganismos que não circulam há milênios, pode soltar cerca de 1,5 bilhões de toneladas de CO2. Fora a iniciação da decomposição da matéria orgânica que está congelada, o que liberaria toneladas de CO2 e metano adicionais. Isso nos mostra uma relação direta entre a degradação do meio ambiente e os riscos de pandemias.
Mudanças nos hospedeiros de vírus e bactérias
A sobrevivência dos patógenos, principalmente os vírus, é pautada por seus hospedeiros. Uma vez transferidos de animais para humanos, que gastam menos energia, alimentam-se melhor e tem maior expectativa de vida, conseguem se reproduzir e desenvolver mutações que favorecem sua espécie. Principalmente num meio favorável, com menor competição.
Além disso, atividades como a pecuária – que gera a reprodução desenfreada de espécies -, fazem reduzir a variabilidade genética delas. É só pensar assim: muitos bichinhos que compartilham dos mesmos pais compartilharão diversas características, sejam elas boas ou ruins. Uma fragilidade ou deficiência genética afetará uma grande parte da população da espécie. A variabilidade genética é o que faz as espécies ficarem mais resistentes, e a ausência dela pode ser fatal.
Destruição de Biomas
Desmatamentos, contaminações por lixo e efluentes, o assoreamento de rios e outros problemas, são devastadores para os biomas. E, consequentemete, para a biodiversidade. Um ecossistema biodiverso é crucial para o equilíbrio de patógenos. Muitas espécies lidam bem com doenças que para outras são fatais. A biodiversidade evita que os patógenos que resistem e evoluem sejam transferidos para outros hospedeiros.
Avanço da ocupação humana
A diminuição das barreiras geográficas entre humanos e animais selvagens também contribui para o surgimento de zoonoses; principalmente as transmitidas através de vetores, como a dengue e a febre amarela. A invasão humana aos habitats deles de forma desenfreada apresentam um grande risco.
Conclusão
A pandemia do novo corona vírus não é a primeira e nem será a última. Diante tudo o que foi exposto, fica evidente a relação entre o surgimento das pandemias e sua relação com os impactos ao meio ambiente. A proliferação do novo coronavírus tem mostrado a urgência de mudanças profundas na forma como agimos com a natureza; como lidamos com o consumo, alimentação, com o lixo, com o esgoto e tudo mais que resulta das nossas atividades.
Portanto, nao é possível que após a pandemia retornemos aos velhos hábitos. É crucial que haja uma retomada verde da economia, e reformas profundas das políticas que regem nossa cadeia produtiva. O futuro DEVE ser sustentável, ou não sobreviveremos a ele. E é imperativo que o mercado se adapte, caso contrário, continuará se deteriorando como agora.
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2 comentários
A análise feita pela Greenway não poderia ser mais assertiva. Percebe-se clareza no diagnóstico e estudo do problema abordado, e, total comprometimento com a solução ou caminhos que levem à mitigação do mesmo. Tudo a partir de seu engajamento, posicionamento e seriedade perante o triste óbice que enfrentamos. Parabéns!
Obrigada, Denise!
É realmente crucial que haja a solução do problema desde sua raiz.
Um grande abraço!