Por quê tanto tem se falado em retomada verde da economia?

retomada-verde-economia

Nos últimos meses, o mundo vem sofrendo com pandemia do novo coronavírus. Com a explosão da doença e o consequente isolamento social, a economia tornou-se foco de preocupação e debate intensos. A flexibilização e retorno das atividades trouxeram à tona a questão da necessidade de uma importante retomada verde da economia. Mas o que seria essa retomada verde? Qual é a importância disso para o futuro das nações?

Nada que agride o nosso planeta é investimento

A pandemia é somente um reflexo de como temos tratado o nosso planeta

Como já falamos neste post, as pandemias estão diretamente relacionadas ao meio ambiente e como lidamos com ele. A situação já havia sido prevista há anos, e cientistas envolvidos com o assunto já mostravam que o mundo não estaria preparado para um problema desse porte.

O novo coronavírus não trouxe nem a primeira, nem a última pandemia; já vivenciamos diversas outras, como o H1N1, gripe aviária, doença da vaca louca, entre outras. E o caminho que estamos trilhando não nos desvia da possibilidade de outras pandemias muito piores.

O derretimento do permafrost causado pelo aquecimento global está tornando esse risco cada vez mais iminente, pois abriga inúmeros vírus e bactérias congelados há milhares de anos. E, se não fizermos nada para frear o aquecimento global, isso se tornará uma fatídica realidade.

permafrost-derret
Derretimento do Permafrost em Svalbard, na Noruega.

Os vírus não enxergam fronteiras ou classes sociais

Diferentemente de outros problemas que assolam principalmente as classes mais baixas, o coronavírus afetou não somente as comunidades mais carentes, mas também grandes líderes mundiais, como Boris Johnson, primeiro ministro do Reino Unido.

boris-johnson-covid
Boris Johnson, primeiro ministro do Reino Unido infectado pelo coronavírus

Isso mostrou aos governantes que não adianta fechar os olhos para as camadas mais carentes da sociedade, comumente negligenciadas. A humanidade é uma grande comunidade interdependente, que precisa parar de preocupar-se somente com indivíduos, mas entender que não sobreviverá ao que está fazendo ao planeta, principalmente se seus indivíduos não cuidarem uns dos outros.

A pandemia mostrou também que a natureza é muito maior do que todos nós juntos, aumentando nosso senso de urgência. Mostrou que negligenciar as mudanças climáticas, empurrá-las para as próximas gerações e mudar de assunto não é uma solução; o tempo passará de qualquer forma, e ignorar o problema é assinar a sentença de danação da espécie humana.

O mercado deverá se adaptar ou não sobreviverá

A economia mundial sofreu duramente as consequências da pandemia. E a tendência é de que as coisas piorem cada vez mais.

Muitos países, principalmente europeus, já sofrem intensamente com as mudanças climáticas e com o problema do lixo. Por isso, vários deles já entenderam a importância da redução do impacto ambiental e do desenvolvimento sustentável. Na Suécia, por exemplo, praticamente todo o lixo é reciclado desde 2012; é um dos países com a política de gestão de resíduos mais rígida da Europa.

Ademais, a União Europeia e companias multinacionais têm diversas políticas econômicas pautadas pela questão ambiental. Há diversas situações em que negócios deixam de ser feitos com países que não produzem seus produtos de forma sustentável.

soja-desmatamento
Desmatamento diminuiu significativamente com a moratória da soja

Inclusive, existe um pacto europeu chamado “moratória da soja” firmado entre governos, agroindústria e organizações de defesa ambiental que fez com que grandes empresas aceitassem deixar de comprar de fazendas ligadas a áreas recém-desmatadas da Amazônia. A política deu resultados: a média anual de desmatamento nos 89 municípios participantes caiu 85% depois do acordo.

Com toda a crise causada pela pandemia e com o senso de urgência criado, a tendência é de que políticas como essa comecem a ser adotadas cada vez mais. Isso fará com que o mercado precise se adaptar caso queira ser estimulado pelas grandes potências mundiais.

Nossos recursos são limitados e finitos

“Quem acredita em crescimento infinito num planeta fisicamente finito, ou é louco, ou é economista”

– David Attenborough

O último dia 22 de Agosto foi o Dia de Sobrecarga da Terra. Esse dia é definido pela Global Footprint Network – um instituto de pesquisa independente voltado para a sustentabilidade -, através de um cálculo que considera a biocapacidade (capacidade da Terra de produzir recursos em um ano), a pegada ecológica da humanidade (ou seja, quantidade de recursos utilizados pelas atividades humanas) e o número de dias do ano. Esse dia aconteceria em Julho, mas foi adiado pela pandemia e redução da utilização dos recursos.

Isso significa que precisaríamos de “1,6 planeta” para suprir a nossa demanda atual. Porém, só temos um; e a nossa demanda por energia e recursos aumenta a cada ano.

sobrecarga-terra
22 de Agosto de 2020 – Dia de Sobrecarga da Terra

Utilizar de recursos finitos para uma produção infinita é simplesmente irracional, e vai contra qualquer lógica de otimização de produção. Escolher recursos que agridem o meio ambiente e prejudicam as gerações futuras em detrimento de recursos renováveis e sustentáveis simplesmente não combina com uma sociedade que tem potencial para desenvolver tantas tecnologias inovadoras e soluções disruptivas.

Conclusão

Diante de tudo que foi exposto, fica evidente a importância de uma retomada verde da economia. Durante o período da pandemia nossa pegada ecológica foi reduzida em 9.3%, o que prova que podemos mudar os impactos causados pelas nossas ações. Ainda há tempo; e se uma situação grave como a dessa pandemia não mudar os rumos da humanidade, nada mais mudará.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *